quinta-feira, 24 de março de 2011

A qualidade ambiental de uma bacia hidrográfica está em permanente risco

Por Marcileia Antunes

Aluna do Curso de Pós- Graduação (latu sensu - Estácio de Sá) em Gestão Ambiental e Problemas Urbanos 

O processo de ocupação antrópica,  desde os primórdios,  teve como referência as proximidades dos cursos d’água. Pode-se sugerir que este comportamento se justifica pela nossa estrutura orgânica ser composta de 70% de matéria líquida. Além desta condição, temos os extensores: higienização, cultivo e preparo de alimentos, dessedentação e outros vários usos consultivos. Influenciado por este comportamento, o processo de ocupação urbana tem presença marcante nas proximidades das bacias hidrográficas.

Bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída. A bacia hidrográfica compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes de uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório (Tucci, 1997).

Contudo, essa herança outrora, trouxe consequências gravíssimas provocadas por sérios impactos negativos ao ambiente natural com sobrecarga acentuada às águas tanto nos aspectos qualitativo e quantitativo.

A idéia de que os terrenos marginais e os rios constituem uma área propícia a ser explorada, tem colocado o homem e a natureza em papéis distintos na história da construção dos espaços urbanos. Para complementar este cenário; as cidades é um sistema aberto onde os elementos são interligados uns aos outros e as interferências nunca serão isoladas e sim em toda a cadeia. As relações são drasticamente agravadas em consequência do crescimento demográfico não ser acompanhado de um planejamento urbano adequado que leve em consideração a rede hidrográfica.

O resultado dessas intervenções é catastrófico uma vez que se dá de forma desordenada no ambiente convergindo em desmatamentos das margens, poluição do solo e da água, aumento do processo erosivo, assoreamento e ainda possui a tendência de abrigar os grandes bolsões de miséria nas periferias, ocupações desordenadas às margens dos rios sem qualquer equipamento urbano, sem infra-estrutura básica e nenhuma qualidade de vida. Assim está revelado o desfigurado retrato urbano tendo como elemento central um meio de transporte de esgoto chamado de bacia hidrográfica.

O Gerenciamento de Bacia Hidrográfica (GBH) é um processo de negociação social, sustentado por conhecimento científicos e tecnológicos que visa a compatibilização das demandas e das oportunidades de desenvolvimento da sociedade com o potencial existente e futuro do meio ambiente, na unidade espacial de intervenção da bacia hidrográfica, a longo prazo (IBAMA – 1995).

Para fazer cumprir o princípio acima, o Gerenciamento de Bacia Hidrográfica deve considerar como elemento para um resultado, a adoção da bacia como unidade de planejamento e intervenção da gestão ambiental sistêmica e globalizada. Neste contexto o elo das relações dos elementos físicos, biológicos e socioeconômicos monta a engrenagem das relações sociais cuja soma deve ser entendida como um todo relevante, rompendo a visão reducionista de sanar os problemas ambientais para a promoção da qualidade de vida.

A lei nº. 9.433/97 (Lei dos Recursos Hídricos), conduz a sociedade brasileira em direção ao desenvolvimento urbano sustentado e concebe a Gestão das Bacias Hidrográficas como forma de mensurar e discutir os problemas ambientais popular nas decisões que envolva a bacia hidrográfica como elemento de gestão e intervenção. O artigo 38 da  citada Lei afirma:  compete aos comitês de bacia, em sua área de atuação, promover debates das questões relacionadas à gestão dos recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes.


terça-feira, 22 de março de 2011

Vai faltar água em metade das cidades brasileiras em 2015

Leila Coimbra
De Brasília



(Folha de São Paulo) Mais da metade dos municípios brasileiros (55% do total) terá deficit de abastecimento de água em 2015. Levantamento feito pela ANA (Agência Nacional de Águas) mostra que são necessários investimentos de R$ 22,2 bilhões para evitar o risco de um colapso total até 2025. Hoje, cerca de 16% das cidades do país têm algum problema de abastecimento. Para tratar também os esgotos jogados nos rios, o que impede a reutilização das águas, serão necessários cerca de R$ 70 bilhões. Os dados fazem parte do Atlas de Abastecimento Urbano de Água, um mapeamento completo de todos os 5.565 municípios brasileiros, liderado pela agência das águas com instituições federais, estaduais e municipais.

DISTRIBUIÇÃO
 
O estudo mostra que o Brasil é um dos países mais ricos em recursos hídricos, mas o grande desafio no fornecimento de água é a população concentrada em locais onde há sua menor oferta. 
 
A região amazônica reúne 81% das fontes hídricas do país, mas as áreas de maior densidade populacional, como o Sudeste e o Nordeste, têm só 3% da água, originada na Bacia do Atlântico. "Caso não sejam feitos os investimentos, haverá risco de interrupção temporária no abastecimento cada vez mais frequentes. Manobras como rodízio no fornecimento para os consumidores poderão ser mais usadas. Mas não há risco para pânico", diz Ney Maranhão, superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA. O Nordeste é a região que mais demandará investimentos em captação de água, por ter as menores reservas: R$ 9,1 bilhões. Já o Sudeste, onde está a maior parte da população, precisa de mais dinheiro para tratamento de afluentes. Juntos, os Estados de SP, RJ, ES e MG vão precisar de R$ 7,4 bilhões em captação de novas fontes de água.