Histórico do Grupo Ecológico Salvaterra – GES
Preocupados com a degradação ambiental de Juiz de Foras (MG), principalmente em relação à disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos da cidade no Bairro de Salvaterra, no final da década de 1990, além de inúmeras ingerências das políticas públicas de uso e ocupação irregular do espaço urbano juizforano, um grupo de ambientalistas, professores universitários, estudantes, moradores da região do Salvaterra, resolveram criar o GES (Grupo Ecológico Salvaterra).
Constituído em 1998, quando teve início a formação do lixão numa APA (Área de Preservação Ambiental), reconhecida por legislação Federal, Estadual e Municipal, o GES foi institucionalizado, oficialmente, no dia 02 de junho de 2001, com a eleição de sua diretoria, criação de seu estatuto e registro em cartório. Desde a sua constituição, a ONG Salvaterra, como é popularmente conhecida, já desenvolveu inúmeros projetos, ações e atividades junto à sociedade juizforana e de outros municípios vizinhos, tendo como foco principal os impactos ambientais negativos provocados pelos RSU’s (Resíduos Sólidos Urbanos), principalmente o da área onde foi implantado o Lixão do Salvaterra. Registra-se que, desde a sua implantação, os gestores públicos (estadual e municipal) à época, irresponsavelmente, afirmavam que no local havia sido implantado um aterro sanitário, como se pode comprovar nas reportagens realizadas pela imprensa.
Entre outras, pode-se destacar algumas das promoções realizadas pelo GES: acatando pedido da ONG, foi realizada pela FEAM (Fundação de Meio Ambiente de Minas Gerais), a primeira audiência sobre disposição de resíduos sólidos de Juiz de Fora; audiência pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais sobre os sérios problemas do Lixão do Salvaterra; em 2003, recepção dos conferencistas da XI Conferência Anual da UGI (União Geográfica Internacional), que contou com a presença de delegação de diversos países, com a apresentação de trabalhos científicos pelos membros do GES; realização do 1º Fórum de Juiz de Fora sobre Diagnóstico, Preservação e Recuperação de Mananciais; de 2001 a 2007, desenvolvimento do Projeto Rio Peixe Vivo (em cuja Bacia Hidrográfica foi instalado o Lixão do Salvaterra), com a realização de inúmeras atividades socio-educativas-recreativas-ambientais, que contou com a participação de milhares de pessoas, principalmente de estudantes, de diversos segmentos da sociedade juizforana e que teve apoio do IGAM ( Instituto Mineiro de Águas); realização de uma série de palestras em escolas - de ensino fundamental e médio - e também em universidades, focando a questão dos problemas do RSU’s e do Lixão do Salvaterra; realização de inúmeras manifestações públicas sobre os
sérios problemas do Lixão de Juiz de Fora, com a distribuição de cartas abertas e outros materiais; participação em debates nos meios de comunicação da cidade (rádio e TV); entrevistas na imprensa escrita da cidade e região da Mata mineira, bem como em jornais de circulação estadual e nacional mostrando o crime ambiental cometido no Lixão do Salvaterra; inúmeros artigos elaborados pelos seus membros e publicados em jornais e revistas especializadas em meio ambiente; apoio a outras instituições públicas e organizações não-governamentais em questões relativas ao meio ambiente; apoio para o lançamento do primeiro livro de química ambiental do Brasil (Jorge Barros de Macedo & outros); participação e manifestação pelos seus membros, em todas as audiências públicas realizadas em Juiz de Fora e em Belo Horizonte, quando do licenciamento ambiental para o aterro sanitário (?) de Juiz de Fora.
Em reconhecimento ao trabalho realizado desde 1998, o Grupo Ecológico Salvaterra, bem como alguns de seus membros, já receberam condecorações por instituições públicas e privadas de Juiz de Fora, como a Medalha do Mérito Legislativo de Juiz de Fora (2002); reconhecido como de utilidade pública municipal (Lei 10.482/2003, de 27/06/03).
Há de se destacar ainda que, desde sua institucionalização, o GES tem tido assento em colegiados de conselhos e de comissões, tais como: COMDEMA/JF ( Conselho Municipal de Meio Ambiente de Juiz de Fora); COPAM/ZM (Conselho Estadual de Política Ambiental – Subseção da Zona da Mata mineira. Salienta-se que foi a primeira organização não-governamental, ligada à ecologia, a ter assento neste importante Conselho; CIEIA (Comissão Estadual Interinstitucional de Educação Ambiental, resolução SEMADnº498,)de 2006 até hoje, membro do conselho administrativo do Parque Estadual de Ibitipoca-MG, gestão 2006/2008.
Com certeza, foi a luta do Grupo Ecológico Salvaterra, com apoio de diversos segmentos sociais e de várias instituições públicas e privadas juizforanas, que forçaram a saída do Lixão do Salvaterra. Desde abril de 2010, Juiz de Fora conta com um moderno Aterro Sanitário, localizado no Distrito de Dias Tavares. É público e notório passivo ambiental deixado numa área de inigualável beleza natural e de preservação ambiental que, irresponsavelmente, durante doze anos, por incúria administrativa de nossos governantes, constituiu-se num lócus de enorme degradação e de crime ambiental.