terça-feira, 17 de maio de 2011

Mudança de Valores na BOLSA

    A responsabilidade ambiental vem se tornando cada vez mais uma importante instrumento de gestão das organizações, como um dos principais mecanismos de responsabilidade social.
   Dentro das questões de responsabilidade ambiental, temos uma palavra chave – desenvolvimento sustentável, que sintetiza todas essas questões sócio-ambientais.
Para entender-mos melhor essa palavra chave, voltemos um pouco no tempo, quando essa palavra foi pela primeira vez contextualizada, nas questões ambientais.
   Em 1983, a Organização das Nações Unidas(ONU) criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que foi presidida pela primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, que propôs como objetivos, reavaliar as questões críticas relativas ao meio ambiente e reformular propostas para abordá-las de forma real e concreta; além de propor novas formas de cooperação internacional, orientando as políticas e ações no sentido das mudanças necessárias, e dar a indivíduos, organizações voluntárias, empresas, institutos e governos uma compreensão maior desses problemas, incentivando-os a uma atuação mais firme e concreta.
   Em 1987, a comissão recomendou a criação de uma nova carta ou declaração universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável – o Relatório Brundtland. Publicado com o título “Nosso Futuro Comum”, o documento propôs unir o desenvolvimento econômico à questão ambiental, criando não apenas um novo termo, mas uma nova forma de pensar e agir. Dentre as medidas a serem adotadas, pelos  governos  podemos destacar as seguintes : Preservar da biodiversidade e  ecossistemas; garantia de recursos básicos(água, alimentos, energia) a longo prazo, diminuir o consumo de energia, estimular o desenvolvimento de tecnologias que admitem o uso de fontes energéticas renováveis; aumentar a produção industrial nos países não-industrializados, à base de tecnologias fundamentalmente ecológicas.
   O Relatório ainda dizia que: A Humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento sustentável– de assegurar que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às suas próprias necessidades.
   Desde então governos, sociedade civil, organizações não governamentais(ONGs), passaram a encarar as questões ambientais de forma mais realista, fugindo dos discursos dos ecochatos. Agora tendo como subsídios aos discursos, importantes órgãos de pesquisa científicas, que quantificaram e qualificaram, a problemática ambiental, tornando público e notório as inevitáveis mudanças ambientais, locais e globais.
   Recentemente como um reflexo de todas as modificações sofridas pela sociedade e pelo meio ambiente, vemos uma tendência de espectro mundial, no qual investidores desde pequenos acionistas a grandes corporações, procuraram investir seus recursos em empresas rentáveis, porém socialmente responsáveis e sustentáveis.
   Esses investimentos são denominados “investimentos socialmente responsáveis” (“ISR”), um tipo de “selo de qualidade”.As empresas participantes preenchem um detalhado formulário, que é auditado, e renovado anualmente, tendo como objetivo classificar e reconhecer, as instituições que realmente realizam atitudes condizentes com a  responsabilidade social e a sustentabilidade no meio empresarial, além de serem disseminadoras das boas praticas sustentáveis no mundo dos negócios.
   O Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), lançado em 1999, foi o primeiro a avaliar o desempenho das empresas na Bolsa de Nova York, usando critérios de sustentabilidade, já no Brasil, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, surgiu em 2005 a partir da necessidade da criação de um índice composto somente por ações de empresas negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, e que se destacam em responsabilidade social e sustentabilidade. O ISE da BM&FBovespa desse ano, entrou em vigor em 1 de dezembro de 2009 e permanece vigente até o fim de 2010, reunindo 43 ações de 34 companhias, distribuídas em 15 setores, somando a fábula de  R$730 bilhões , o que corresponde a 32,21% do valor de mercado total das companhias com ações negociadas na BM&FBOVESPA em 11 de novembro de 2009. Três setores estrearam nessa última carteira do Índice: construção civil, seguros e máquinas e equipamentos, uma demonstração de maior diversificação setorial, graças a mudanças na metodologia atual. 
   Em 2010, o ISE completou cinco anos de existência, para comemorar , realizou vários eventos para ampliar as informações à sociedade sobre o Índice, e absorver contribuições de diferentes setores para seu aprimoramento.
   Preocupadas com os apelos da sociedade, que sentem cada vez mais presentes em suas vidas as modificações climáticas globais, causada pela elevação da temperatura  da terra, pelos gases do efeito estufa(GEE), e pela busca do empresariado em atender a essa demanda, a BM&FBOVESPA e o BNDES lançaram no dia 02/12 desse ano, o Índice Carbono Eficiente (ICO2), que é formado por ações de empresas do IBrX-50 (composto pelas 50 ações mais negociadas na bolsa), além das companhias listadas no IBrX-50, foram convidadas também outras empresas emissoras de ações com alta liquidez na bolsa, e potencial  ingresso no IBrX-50 futuramente.
    O novo índice será formado a partir do inventário de emissões de (GEE), que é calculado pelo free float¹ , e pelo coeficiente de emissões de gases de efeito estufa (GEE) que as próprias empresas fizerem. A carteira será recalculada quadrimestralmente com base no free float das empresas, e anualmente no coeficiente de emissões.Esse inventário calcula as emissões de gases de efeito estufa , que analisa todas as fases de produção de uma empresa, desde a extração da matéria-prima , os processos de fabricação, e o transporte do produto até o consumidor.
   Essas iniciativas como Índice Carbono Eficiente (ICO2), são um importante passo na preparação das empresas participantes, servindo de bons exemplos para outras, na consolidação da eficiência energética, e da economia de baixo consumo de carbono.
    As propostas de unir o desenvolvimento econômico, à questão ambiental e de realmente resolver suas ambigüidades, é sem dúvida a forma mais correta de atingirmos a sustentabilidade, atendendo as necessidade do presente sem comprometer o futuro, caminhando assim para um mundo cada vez mais sustentável .


Cassiano Ribeiro da Fonseca
Biólogo, Mestrando em Ecologia pela UFJF

1-Free float é uma terminologia utilizada no mercado de capitais quando uma empresa deixa determinada quantidade de ações à livre negociação no mercado.fonte: Wikipédia 

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